quarta-feira, 22 de outubro de 2008

força bruta

Um homem vestido como executivo cansado corre. Tromba nos outros, que não dão pela presença dele. O ritmo acelera, e obstáculos voam contra o homem, que os atravessa sem pensar muito, porque, se o fizer, cai. Em seguida uma revoada de papéis como os comprovantes de cartão de crédito que se acumulam na minha gaveta da direita. Toma um tiro. Momentos depois, levanta-se e repete tudo, com a única diferença de fazer uma breve e conturbada pausa para o almoço. Estamos nos matando.

Um momento de sonho, com ninfas dançando e andando pela parede, serve como breve descanso. Mas o ritmo alucinado logo volta, e o que eles estão aqui para nos mostrar é que, se não festejarmos um poucos, se não nos jogarmos na água, se não fecharmos os olhos, se não nos apalparmos (com todo o respeito e consentimento, epa!) seremos engolidos pela força bruta do tempo. Uma das coisas que ainda não podemos manipular, nem nunca poderemos. Grande causa de ansiedade para nós, jovens que ainda lembramos do tempo em que os irmãos se revezavam para trocar os canais, porque implicava levantar do sofá, mas nos acostumamos alegremente a controlar tudo com o controle remoto, a programar nossos jornais (e agora televisões) pela internet.

Até 9 de novembro no Parque Villa Lobos

2 comentários:

corpo estranho no sistema disse...

mission accomplished

Anônimo disse...

eu creio que os humanos, executivos ou não, se sentem obrigados a correr em busca do nada. No meio do caminho, sonha com ninfas e com um controlo remoto que facilite ou até controle sua própria vida