terça-feira, 10 de julho de 2007

amnésia alcoólica

Depois de um tempo acostumei. Aprende-se a lidar, na verdade. Se você não lembra o que fez, a chance de ter feito algo não muito correto é enorme. Recomendo mapear com os chegados para saber as dimensões do estrago. Desculpas só são necessárias se as mancadas envolverem amigos. Caso contrário, o melhor a fazer é fingir que nada aconteceu. Se alguém comentar em voz alta, em meio a não-participantes da esbórnia na hora do café, das duas uma. Ou é mau caráter ou queria estar no seu lugar.

Difícil mesmo é quando você quer lembrar, e não esquecer. Escolheu as palavras com carinho e a voz tremeu com sinceridade - como pesa a sinceridade. Essa, confesso, me pegou de surpresa. No ambiente barulhento e esfumaçado, devo ter falado com o queixo junto ao peito, alto o suficiente para você me ouvir e baixo o suficiente para que o pernambucano que nunca mais verei à minha direita, o brother em frente e o conhecido à esquerda não ouvissem. Faz tempo e não lembro muito bem o que se passava naquela época, mas posso ter dito que havia um pouco de você em cada minuto do meu dia, que eu tentava nadar rio acima inutilmente, quando tudo o que queria era aproveitar a descida. Importa menos onde se vai desaguar.

4 comentários:

Anônimo disse...

É engraçado pensar que só eu sei o que você falou. E eu não vou contar pra ninguém, nem pra você.

corpo estranho no sistema disse...

Ê crueldade...

Rita Loiola disse...

Que bonito...

Anônimo disse...

Lindo *.*