terça-feira, 3 de julho de 2007

pulha

Olhou no espelho e viu um cretino. Canalha da pior espécie, vilão de novela das seis. Menino bem criado, gentil, abre as portas, nunca passa na frente de uma mulher. Estudou na escola da elite, morou no exterior, entraria fácil na classificação de "cidadão de bem" ou como algum tipo vazio de exemplo. Razoavelmente bem empregado - "é, o mercado tá foda..." -, sorriso bonito. Mirando a si mesmo sabia que não passava de um moleque, medroso e metido a malandro. "Minha mãe ficaria decepcionda", pensou, num dos raros lampejos de percepção. Finalmente viu que não tinha o direito de ser desonesto, mesmo que arranjasse mil justificativas, várias verdadeiras, algumas plausíveis. Sentiu o peso de ser um pulha e mudou antes de esquecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pegou muito pesado.