quarta-feira, 13 de junho de 2007

amputação

Sentimento estranho, este. De ter saudades do que está perto, uns 30 passos de distância, contei hoje. Nos últimos dias fui algumas vezes até sua janela e fiquei espiando quieto, pensando. Saí sem dizer nada, sem jogar uma pedrinha para chamar. Toto dos novos tempos, talvez. Sinto falta das possibilidades, das cenas que criei. Na última estou de pé na cozinha olhando a vista, você chega pelas costas, me abraça e canta o mais recente refrão a entrar na minha vida com significado novo. Que saudades da sua preocupação, do seu olhar de cuidado. Desculpa te dizer aquela vez que você sofria por opção. Continuamos conversando por esses sinais de fumaça, rastros digitais de nossas andanças. Amputação lenta, sem anestesia, de um membro saudável. Os tecidos vão rasgando aos poucos. Às vezes há uma cicatrização e é preciso rasgar de novo. Dói, dói, dói, pequena. Não sei se tem outro jeito.

5 comentários:

Anônimo disse...

Espero que esse não seja seu melhor post, apesar de ser.

Mariana disse...

Tá engrenando, já dá pra ver um estilo nascendo, mto bom.

Anônimo disse...

Olá!
Parabéns pelo blog!

Bjos

Anônimo disse...

Ótimo texto! Escreva mais, queremos mais!!! Beijão

corpo estranho no sistema disse...

eeee, leitoras!
obrigado pelos elogios. vou me disciplinar para escrever pelo menos dia sim dia não.