- Não, não! Peraí, isso não faz o menor sentido!
- Por que não?!
- Porra, porque eles não podem chegar nesse nível antes de contato físico, isso não existe!
- Claro que existe, essa é a beleza do roteiro!
- Quando você me falou, achei que fosse um flerte. Aí tudo bem, eles se olham, pá, aquilo tudo. Agora, desse jeito, ninguém vai acreditar nessa merda!
Acenderam cigarros. A grande dúvida de Igor era: digo para esse puto que a história aconteceu comigo ou venço na argumentação? A de Pedro: onde estava com a cabeça quando aceitei essa porra? Papéis, garrafas e xícaras sobre a mesa, duas da manhã. Sob o escritório da produtora a Vila Madalena pulsava infernal. Pedro foi à janela e enconstou a testa na moldura do vidro. Tragou. "Essa porra encheu de playboy, que merda...". Igor voltou com copos d'água. Sugeriu.
- Vamos começar de novo.
- (Suspiro) Cara, da onde você tirou isso?
- Bicho, olha que lindo. A maioria das pessoas se pega e depois se conhece. Às vezes dá certo, muitas não. Essa história é sobre duas pessoas que, sem nunca terem encostado os lábios, sem mal terem encostado um no outro, se gostam pra caralho. Talvez por anos.
- Mas presta atenção. Tudo bem que cinema é cinema, mas como você acha possível se apaixonar por alguém sem nunca ter dormido, ou melhor, sem nunca ter acordado com a pessoa? Isso aí é o seguinte. O cara quer, a mina não e ele caiu na dela para manter as esperanças. Amor platônico. Puta clichê. Sem contar que vai ficar chato pra cacete na tela. Não acontece nada!
Igor colocou o dedo indicador e o dedão juntos sobre o nariz, separou-os penteando as sobrancelhas e voltou a uni-los por baixo, um em cada olho, os quais coçou.
(continua)
domingo, 3 de junho de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Puuuuutz! Agora as histórias vêm em capítulos??? Que torturaaaa! Só gosto de novela se for mexicana.
relaxa que essa é mexicanaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaça
Postar um comentário